Cminhões elétricos E7-49T recebidos pela Reiter Log. Foto: Divulgação |
Pouso Alegre, MG – Dos R$ 270 milhões em investimento anunciados pela XCMG no fim do ano passado, durante visita de comitiva do governo mineiro à China, a metade deverá ser aplicada até o fim do primeiro semestre, afirmou o vice-presidente da companhia na América do Sul, Tian Dong. Os recursos são próprios da matriz e a inversão total será efetuada em, no máximo, três anos.
Um terço deste aporte, em torno de R$ 90 milhões, será dedicado à construção do centro de pesquisa e desenvolvimento em Pouso Alegre, MG, onde está a segunda maior unidade fabril da XCMG no mundo — a maior está na China –, e a única da empresa nas Américas, instalada em área de 1,5 milhão de m², sendo 1 milhão de m² de área construída.
O executivo, em apresentação na fábrica, afirmou que o centro de pesquisa e desenvolvimento é o primeiro passo para nacionalizar a produção de caminhões: “A primeira tarefa será estudar como e quando poderemos começar a montar os veículos aqui. Tem que ter lítio e bateria”.
O vice-presidente assegurou que a XCMG fabricará caminhões elétricos no Brasil, sem precisar uma data, ao ressaltar que a bateria é fundamental para que o processo ocorra, uma vez que ela representa de 60% a 70% do preço do veículo: “Estamos aqui para ajudar a desenvolver este setor da indústria, que envolve desde a exploração do minério, o processamento do lítio e a industrialização da bateria. Ninguém consegue fazer isso sozinho. Para tanto estamos trazendo parceiros da cadeia produtiva para o Brasil e buscando apoio do governo. E é preciso também ter escala para justificar os investimentos. Vendendo dez unidades por mês não conseguimos sustentar esse processo”.
Vanessa Pilz, da Reiter Log, e o presidente da XCMG do Brasil, Li Hanguang, no momento da entrega dos 10 caminhões. Divulgação |
Na China a XCMG está processo de finalizar acordo com a BYD para a produção de baterias. De acordo com o gerente de veículos elétricos, Ricardo Senda, o fato de todas as grandes empresas conterrâneas terem participação do governo, sendo a XCMG 100% estatal, automaticamente eleva seu poder de negociação.
“Há pouco mais de um mês acordamos o desenvolvimento de bateria para caminhões pesados com a BYD na China. Hoje nosso fornecedor para Brasil e América é a CATL, representado no País pela Moura, que dá assistência no pós-vendas. O plano é que em dois anos tenhamos produção local.”
Um incentivo adicional à aceleração no processo de localização do veículo elétrico é a retomada do imposto de importação por parte do governo brasileiro. Atualmente o peso da alíquota é de 11,6%, mas Dong estimou que daqui a alguns meses será de 12% a 15%, o que refletirá no preço do caminhão elétrico E7-49T 6×4 com capacidade para transportar 49 toneladas, hoje comercializado por R$ 1,3 milhão.
A alteração da alíquota terá reflexos, inclusive, no faturamento, que não foi divulgado nem como projeção nem como perspectiva de crescimento. É sabido apenas que até 2027 o plano da empresa é alcançar receita de R$ 10 bilhões. Para atingir a meta a XCMG apresentará linha de caminhões elétricos de diferentes portes durante a Fenatran, em novembro, e está estudando o desenvolvimento de cavalo mecânico de 80 toneladas, já homologado.